E se for por otimismo que escrevo esses delitos a você Não me culpe por ser insensato, apenas sinta que há verdade nas entrelinhas. Se hoje me faço como um garoto, é porque crio frases sob palavras. Também respiro o ar puro e impuro dos céus, pois sou de carne. E mesmo que seja efêmero todo esse vigor estarrecido pela dúvida, não importa, portanto, que me beije logo na matinê como um novo amante. Caso contrário irei aprender a voar pelas curvas do seu corpo e deitarei de manso sobre seu colo, igual a um bicho indefeso. Coloca-me ao seu lado, a parte de tudo o que é vivo E me escolte da maneira mais sutil, que seja infinita aos sonhos. E que me ame quando for possível, nem que seja de mentira. E quando amadurecer não se esqueça de buscar-me ainda garoto.
Quando tu vais embora com um lento andar ao longo do corredor, passando pelas mobílias que fazem cena para enfeitar a paisagem, sinto-me o próprio chão e sinto-te no andar, na caminhada monótona e gostosa. Posso calcular e dividir cada molécula que tu tocas, posso fantasiar como serás cada milésimo de segundo no dia seguinte que estiveres a fim de mim. No íntimo amor compartilharei de minhas supliciadas respirações de saudades. Porque agora é hora de ires, estás chegando ao final do corredor e som do relógio cativante está mais intenso como numa sinfonia de Beethoven e as horas mais melancólicas como nos pensamentos de Einstein. Amanhã esperar-te-ei e continuaremos a fundamentalizar o amor nos aspectos mais minuciosos e derradeiros.
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